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40 AUTORES PORTUGUESES PARTICIPAM NA HOMENAGEM À CADEIRA PORTUGUESA


Exposição de Homenagem à Cadeira Portuguesa.

De 25 de outubro 2015 a 31 de janeiro de 2016 | Casa de Santa Maria.Rua do Farol de Santa Marta | 2750-341 Cascais

Cadeiras metamorfoseadas por criativos nacionais prestam homenagem à Cadeira Portuguesa numa exposição que, se apresenta na Casa de Santa Maria, obra maior do arquiteto Raul Lino em Cascais.

Desafiados pela Câmara Municipal de Cascais, Fundação D. Luís e Dimensão Nova, com o apoio Adico, criativos portugueses, independentemente da sua formação, prestam homenagem à cadeira de esplanada tipicamente portuguesa.

Comissariada por António Roquette Ferro e dirigida pelo arquiteto Nuno Ladeiro, a mostra conta com o apoio do Curso de Design da Universidade Lusófona e da Loft Design – Artistas como José de Guimarães, Leonel Moura, Sofia Areal, os arquitetos Álvaro Siza Vieira, Fernando Hipólito, Fernando Moreira da Silva, Cristina Santos Silva, os designers Jorge Silva, Helena Ladeiro, Nini Andrade Silva, Filipe Trigo e Jorge Carvalho, entre muitos outros, apresentam novas ideias para a emblemática cadeira, dando-lhe uma nova vida, se possível ainda mais portuguesa.

Sobre a Cadeira Portuguesa | É uma das mais características cadeiras das esplanadas portuguesas. Desde sempre, intelectuais, artistas e cidadãos comuns trocam opiniões e convivem nas esplanadas. Os turistas, por sua vez, procuram pontos de interesse e encontram nas esplanadas portuguesas e, em particular, nos cafés lisboetas o ambiente tipicamente lusitano. As primeiras cadeiras terão surgido em Lisboa nos anos 30 e 40 do século XX. Influenciada provavelmente pela escola alemã Bauhaus, mas também pelas cadeiras de tubo de aço curvado de alguns dos pioneiros do design, como Marcel Breuer, Mies van der Rohe e Mart Stam editadas pela Thonet, a fábrica Adico, uma das maiores empresas de mobiliário metálico europeu, desde os anos 30 até aos dias de hoje, produz a cadeira. Como exemplo, temos as capas dos catálogos desenvolvidas por pintores de renome da época. Com 95 anos de existência, exporta a Cadeira Portuguesa para países tão longínquos como os do norte da Europa, Estados Unidos e Austrália, entre outros. A Cadeira Portuguesa é parte de uma vasta coleção de clássicos que fizeram história na Adico ao longo dos anos e nunca perderam a dinâmica dos novos tempos, pois souberam acompanhar a evolução do mercado e estar na moda.

A cadeira Portuguesa tornou-se um atrativo vintage e tem despertado a atenção de arquitetos e designers. Este ano estará disponível uma nova versão, editada pela marca Colico, em tubo curvado de polipropileno injetado (tecnologia Air Molding) com design de Nuno Ladeiro. O novo modelo, mais leve, reinterpreta o desenho original e será apresentado também na exposição.

Autor: Nuno Ladeiro

Título da Obra: Redesign Cadeira Portuguesa

Editor: Colico, Itália

Autor: José de Guimarães

Titulo da Obra: “Ritual das Serpentes”

A viagem realizada aos Estados Unidos em 1895/6 por Abi Warburg, em que no Arizona, contactou os índios HOPI, alterou profundamente o olhar da Arte Ocidental.

Foi depois de ter tido conhecimento dos escritos daquele filosofo alemão, que decidi inscrever no mapa do “território” da minha produção artista um conjunto de novas propostas plásticas, que reflectem o cerimonial da manipulação das serpentes e da dança Humiskatchina.

Esta cadeira intitulada “Ritual das Serpentes” inscreve-se naquelas propostas.

Autor: Leonel Moura

Título da obra: Impossibilidade

Em arte só a impossibilidade interessa. É esta a minha convicção, o meu modus operandi e aquilo que estimula a criatividade que desenvolvo.

Por impossibilidade entendo o que para o senso comum não é realizável, o que nunca ninguém fez, as combinações inesperadas, mas também o recurso a novos meios, sobretudo tecnológicos, da robótica, à inteligência artificial ou o 3D.

Esta cadeira assinala o momento em que estas ideias se tornaram claras. Através de um livro, disposto para a leitura, objeto de uma exposição que assinalou o fim de um ciclo, a que chamo arte antiga, e abertura de um novo, dedicado a romper as barreiras da impossibilidade na criação de? um novo tipo de arte?.

Autor: Álvaro Siza

Título da Obra: “Portuguesa” Suave.

É bela e comoda, resistiu a modas e bordados.

Não precisa de nada.

Talvez uma almofada?

Autor:Nini Andrade Silva

Título da obra:"Garouta do Calhau"

Nini Andrade Silva, diversas vezes distinguida com prémios de elevada reputação mundial, prestou homenagem à cadeira portuguesa imprimindo a sua imagem de marca numa assinatura de design depurado e estética crua, em contraste marcante em tons de preto e branco.

“Associo sempre o meu trabalho ao meu imaginário, reinventando o seu olhar e

transpondo um pouco de mim em cada obra/peça. Nesta obra, esse olhar recai

num traço ou linha, rasgo ou caminho que marca inequivocamente toda a

minha obra, unindo-a num fio condutor ténue e sóbrio"

Intituladas "Garouta do Calhau", as duas cadeiras são uma homenagem às crianças

desfavorecidas da Ilha da Madeira (de onde é natural Nini Andrade Silva) e que, antigamente

eram apelidadas de Garoutos do Calhau pelo facto de percorrerem as praias de calhaus

rolados do Funchal, em busca de moedas atiradas pelos turistas que chegavam ao cais em

navios, como recompensa pela destreza dos seus mergulhos.

Nini Andrade Silva emprestou a sua imagem de marca à Associação de Desenvolvimento Comunitário do Funchal - Garouta do Calhau, Instituição Particular de Solidariedade Social, que nasceu da necessidade de responder a situações problemáticas subjacentes à existência de grupos sociais vulneráveis e que dinamiza seis centros comunitários inseridos em bairros sociais do Funchal.

Autor: Sofia Areal

Titulo da obra: Cadeira D-Noite / Cadeira D-Dia

SEMPRE ESTA, A MESMA CADEIRA!

Uma cadeira, duas cadeiras, estar sentada a olhar o mar, beber um café com um amigo, inclinar-me para trás e poisando os braços nos braços da cadeira que me acolhe com um gin tónico. Uma cadeira Portuguesa, a cadeira das esplanadas da minha infância, aonde com o meu Avô a fumar os cigarros Porto, aprendia-mos a andar de bicicleta e claro de volta à cadeira.

Autor: Helena Ladeiro

Titulo da obra: Coração Flamejante

A minha proposta remete para um símbolo maior da cultura visual nacional que genericamente chamamos de Coração de Viana. A sua forma, em coração estilizado com uma ligeira curvatura e com uma chama ardente no topo, é o símbolo do culto religioso ao Sagrado Coração de Jesus. Foi incorporado na joalharia tradicional porque o povo gostava de o usar ao peito como símbolo sagrado. Na contemporaneidade tornou-se num objeto visual solto igualmente muito apelativo reproduzido a partir do seu contexto original, devido à sua força estética e evocativa, constituindo hoje um dos símbolos visuais mais significativos da identidade cultural portuguesa.

A minha intervenção plástica representa-o com a forma estilizada que remete aos tradicionais corações flamejantes em filigrana, com a sua curvatura característica e o topo a simbolizar as flâmulas de fogo e alude à irradiação de luz e calor, através dos raios luminosos que por detrás dele se difundem, podendo simbolizar um Sol Divino. A utilização das “pedras preciosas” de várias cores acentua as espirais de fogo que imanam do coração e remete tanto para a joia minhota como para o valor precioso do Amor. É uma intervenção “Kitsch” e “Pop” inspirada numa vastíssima iconografia religiosa e nas artes artesanais da cultura portuguesa.

Autor: Fernando Moreira da Silva

Título da obra: Impressão Identitária

O conceito de identidade remete para a autenticidade e unicidade, conferindo-lhe portanto excecionalidade, implicando a pertença a um grupo ou cultura onde existem traços que o/a caracterizam perante os demais. O fator TEMPO exerce influência determinante sobre a conformação das especificidades identitárias, tal como é o caso do conceito de Portugalidade.

O desafio de atuar sobre um produto de design português de grande qualidade, que é um signo, a Cadeira Portuguesa, deve ser, na minha opinião, um ato de grande humildade, dado que estamos a agir sobre um produto reconhecido de um determinado autor, mesmo que este seja desconhecido.

A minha proposta de intervenção nesta cadeira teve a ver com a tentativa de reforço do conceito de portugalidade através da utilização do escudo português, impressionando-o na cadeira por meio de uma textura de picotado que por mais que se atue sobre ela, nunca se irá alterar, tal como a nossa própria identidade, que está impregnada na pele de cada um de nós.

Autor: Cristina Santos Silva (Ártica)

Título da obra: À SOMBRA DA BANANEIRA

Simples, nem leve nem pesada,

discreta mas elegante

fica bem em qualquer lugar…

em casa, cafés e esplanadas…

nos outonos amenos, ou no calor dos verões!!

Só lhe faltava uma sombra para ser perfeita!

Autor (s): Ana Rita Soares e André Mata

Título da obra: Cadeira Maria Lisboa

Pretendemos que a cadeira seja um reflexo e um prolongamento das fachadas e ruas de Lisboa a com o toque e odor da nossa cortiça tão portuguesa.

O azulejo surge em pedaços, desconstruído e dissimulado na sua cor. Com os seus 500 anos de produção nacional, é caso único como elemento decorativo e arquitetónico. Mudou a nossa paisagem urbana. A partir do século XIX, ganhou mais visibilidade, e saiu dos palácios e igrejas para as fachadas dos edifícios, numa estreita relação com a arquitetura. A nossa paisagem urbana iluminou-se com a luz e cor dos azulejos, presentes em muitos cantos da nossa cidade e país. Por todo o lado, nas fachadas das casas, nos miradouros, nas estações de metro nas fachadas de igrejas, contam as mais variadas e edílicas histórias.

Visível nas varandas e fachadas lisboetas, o ferro forjado trabalhado e ondulante é transposto para a cadeira com uma abordagem mais minimalista, em branco para uma fusão na estrutura tubular da cadeira, como que um vislumbre de uma varanda acoplada à fachada de azulejos. A Cortiça dá-lhe alma, estilo e conforto.

Autor: ANAHORYALMEIDA

Título da obra: Cadeira Lausa

“ O artesão é o depositário da memória gestual e tecnológica da sua comunidade.” Cláudio Torres

Esta homenagem à cadeira Gonçalo ilustra a nossa admiração pelo artesanato Português e toda a sua mestria e diversidade na utilização de materiais como a madeira, a pele e a cana de bambu.

As linhas da cadeira Lausa são inspiradas na geometria decorativa do losango presente na nossa cultura popular, nos têxteis tradicionais e na arquitectura de influência árabe.

Autor: Antonio Cayuelas Porras

Título da obra: Cadeira Carmen

A cadeira Portuguesa viajou até à Andaluzia e chegou a Granada. Depois de uma longa caminhada pela cidade e pelo Alhambra, decidiu levar uma memória desta incrível cidade. Talvez uma foto, não, talvez um vestido para participar nas celebrações da vida noturna Lisboeta… Olhando através das ruas da cidade vi que as cadeiras de outros tempos usavam trajes de enea, uma planta cujas folhas são torcidas em estruturas de madeira, mas não encontrei ninguém que pudesse fazer este trabalho. De repente numa loja de antiguidades, encontrei uma bola de algodão reciclado, e pensei que poderia trançar como a enea. Dito e feito, um bom fato feito à mão, como se fazem as coisas com sentimento, em uma cores alegres, como é caraterístico na Andaluzia.

O meu nome? É Carmen, como os jardins nas encostas do Albaicin olhando para o Alhambra, a mulher andaluza, como a música tocando nas ruas.

Autor: António da Cruz Rodrigues

Título da obra: Cadeira Trifólio

Projeto inspirado em símbolos gráficos portugueses, denominados Trifólios ou Tripétalos, Cruzetas e Rosetas, normalmente utilizados como separadores de legendas ou simplesmente como motivos decorativos. Estes símbolos pela sua simplicidade oferecem às superfícies metálicas da Cadeira Portuguesa uma relação com a comunicação gráfica portuguesa, criando um padrão desordenado, que apela a uma dimensão simbólica orientada para uma dimensão percetiva de caráter histórico que aumenta o espaço temporal da cadeira. A simplicidade da Cadeira Portuguesa, na forma na estrutura e no detalhe, evidenciam um projeto que convergiu e resultou num objeto de excelência tridimens​onal. Os símbolos gráficos aplicados no padrão apresentam no plano bidimensional as mesmas qualidades, oferecendo uma justa homenagem a este ícone do mobiliário português.

Autor (s): Carlos Pinto Velosa, Fernando Pires e Sara Stella (Espaço A3)

Título da obra: Vestida para Sentar

A “cadeira portuguesa” foi metamorfoseada por nós com recurso à criação de um

revestimento para o acento e costas. A criação desta “pele” acolchoada confere

à cadeira um conforto e sofisticação, para além de uma função adicional.. Sendo

esta uma agradável surpresa!

As tramas das quadriculas das calçadas que caracterizam as cidades portuguesas

são transpostas para o acolchoado do revestimento criado. O contraste do preto

e branco dos pavimentos é representado pelo contraste do revestimento e da cadeira.

Esta peça que veste a cadeira é na verdade, também, uma veste. Pois a sua dupla

função é uma manta para os dias mais frescos... Com o pormenor de um grande

botão permite-nos vestir a “pele”.

A “cadeira portuguesa” ganha uma nova imagem sem perder a sua identidade que a

caracteriza.

Autor: Carlos Ribeiro (Arkhétypos)

Título da obra: bastardus sella

Estamos no Natal de 1917 e com alguma sorte de arrivismo juvenil se proclama, de forma apologeticamente bélica, o exercício da virtude, da satisfação da necessidade pessoal para a construção do bem-estar colectivo. Proclama-se aquilo que, hoje, cem anos volvidos, se usa chamar pró-actividade e trabalho pro bono público.

Era um Almada Negreiros de vinte e dois anos anos que, durante a vida, viria a ter uma extensa criação poética, plástica, literária e teórica, que assim gritava. Há quase um século.

É embaraçoso reler um Almada tão actual… Foi esse Almada que esteve, e está, presente em grandes obras que marcam a história da arquitectura e do espaço público em Portugal. Representava as formas que mais caras lhe eram: as pessoas.

É ainda hoje evidente - e já na altura o foi – que o viver comunitário pressupõe uma forte educação cívica e colide com a óptica pequeno-burguesa da atitude do novel artista e seu cliente. Para nós o Natal do Almada é todos os dias e continuaremos a gritar «fuck Christmas, we got the blues», todos e todos os dias!

Autor: Catarina Castel-Branco

Título da obra: Por dentro da paisagem

Inspirada no exterior aonde a cadeira portuguesa viveu e vive. Recriei uma nova imagem a que chamei “por dentro da paisagem”. Tal como o escultor que retirou ao bloco de pedra o excesso que lhe permitiu fazer surgir a obra, retirei da paisagem a cor e as formas das camadas de sedimentos, que surgem do interior da terra posta a descoberto. A cadeira das esplanadas e dos jardins “retirada” assim da terra, será transportada para novos espaços. Recriará uma paisagem outra, a imagem apropriada em qualquer ponto do globo que fará perdurar a memória do viajante.

Autor (s): Maria Correia e Diana Queiroz (Cooldesign)

Título da obra : "Uma casa portuguesa, com certeza"

Esta cadeira foi inspirada nos candeeiros tradicionais das ruas lisboetas, altos e majestosos, compondo a paisagem citadina com a sua rara beleza.

É como se chama, o 'candeeiro à moda antiga', com a sua estrutura de metal presa nas fachadas dos edifícios.

Nesta cadeira está um pouco de cada português.

Um pouco do seu quotidiano, um pouco da sua alma, a nostalgia e a tão portuguesa, eterna saudade.

Autor: Elsa Matias

Título da obra: Cadeira “Denim”

A Cadeira Portuguesa, uma peça intemporal e original, é utilizável quer em ambientes exteriores descontraídos, quer em ambientes interiores sofisticados.

Na minha homenagem e interpretação proponho vestir esta cadeira com uns “Jeans”, que são também uma peça de roupa intemporal, divertida e irreverente, adequada a qualquer situação e contexto.

O assento e o encosto da cadeira em tecido de ganga ou “Denim” com estofo em capitonê, dão um toque de sofisticação e conforto, e o bolso traseiro das costas da cadeira podem ainda servir para colocar um jornal ou uma revista quando utilizada numa esplanada.

O “Denim” foi inventado para suprir questões funcionais de resistência e conforto, a sua cor azul em contraste com o Branco da estrutura metálica da cadeira, são uma homenagem às cores da Azulejaria Portuguesa.

O Capitonê ou Ponto Abelha são uma técnica de confeção em tecido ou outros materiais, em que a parte acolchoada é dividida em quadrados e losangos marcados com pespontos e botões forrados, este tipo de estofo carrega tradição durante décadas.

Autor: Fernando Hipólito

Título da obra: Cadeira Word Chair

“As obras de arte têm dois modos de existência, que são a imanência e a transcendência. A imanência é definida pelo tipo do objecto em que a obra consiste, e distribui-se em dois regimes (…): o autobiográfico e o alográfico. No primeiro, o objecto de imanência (um quadro, uma escultura, uma performance) é material e manifesta-se a ele mesmo. No segundo, esse objecto (um texto literário, uma composição musical, a planta de um edifício) é ideal, concebido por redução a partir das suas manifestações físicas: livros, partituras, execuções. A transcendência é definida pelas diversas maneiras como uma obra transborda a sua imanência (…)”

Gérard Genette

L`Oeuvre

Autor: Filipa Lacerda

Título da obra: Cadeira Jardim

Fui cadeira de jardim

fui guardadora de sonhos

fui confidente e amiga

fui ouvinte de segredos

murmurados em silêncios

na cadeira de jardim

tive amigos importantes

poetas e demais artistas

todos iam ao jardim

confessar-se por instantes

na cadeira só pra mim

ouvi conversas escaldantes

em bocas desgovernadas

e gargalhadas gritantes

com anedotas picantes

de senhoras desvairadas

em festas de aniversário

enfeitavam-me com balões

meninas em correria

com risinhos de alegria

sorvetes a derreter

sem darem pelo entardecer

fui coberta de champanhe

numa promessa de amor

apertões e muitos beijos

balancei com seus desejos

mas endireitei-me depois

fui cadeira de jardim

ouvi histórias só pra mim

E deixada abandonada

alguém reparou em mim

me levou e me tratou

vestiu-me de branco puro

e foi assim

que de rodas e finas luvas

me passaram a chamar

carrinho de jardim.

Texto de Maria José Queiroz

Set 2015

Autor (s): Joao Azevedo_Paulo Street_Hugo Guerreiro (Com A. Architecture & Design )

Título da obra: Cadeira Desmontável

“ (...) a obra de um artista ama-se, principalmente; o que ela provoca em nós está sempre muito, muito antes da compreensão que há-de vir a ter, e aí chegados, fica outro tanto por chegar. É por isso que as obras de arte mantêm intactos os seus prodígios depois de demoras do nosso olhar sobre elas, de surpresas passadas, das compensadoras convivências, tantas vezes lentas, tão difíceis de ganhar” – Fernando de Azevedo

Perante os recentes constrangimentos económicos em Portugal e no mundo, com consequente emigração massiva, surgiu a necessidade ou pretensão de criar uma nova imagem para este ícone do Design Português. A identidade e história já presentes neste objecto (e tão difícil de conquistar) libertou-nos de forma a pensar num contexto actual, como poderíamos “massificar” a exportação deste objecto. A solução passou pela divisão da cadeira em 9 partes, sendo possível acomodar todas as partes numa embalagem com dimensões de 63cm (L) x 50cm (P) x 15cm (H), facilmente transportável para envolver o comprador no seu processo de rápida e fácil montagem, sem a necessidade de recorrer a qualquer tipo de ferramenta. Neste processo é dada a possibilidade de personalizar as várias peças constituintes da cadeira ao nível da cor.

Cabe a nós, uma geração de “crentes”, a responsabilidade de honrar, preservar e continuar acrescentar valor, material e história, a um dos grandes ícones do Design Nacional.

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